Em relato contundente e profundamente emocional, Eric Clapton nos revela sua trajetória de músico e ser humano. Honesto em todos os sentidos, Clapton não busca para si autocomiseração, mas revela ao mundo a sua coragem para lutar contra o seu maior inimigo: ele mesmo. Heroína, drogas químicas e álcool estiveram por anos convivendo com grandes solos e performances memoráveis, muitas delas gravadas ao vivo, tudo ao longo de uma carreira brilhante, premiada com inúmeros Grammy, no entanto vivida sob intenso impacto de tragédias, perdas e solidão.
O livro, escrito pelo próprio Eric e publicado pela Editora Planeta, é para nós uma possibilidade ímpar de reflexão sobre todos os anos que antecederam a década atual e serve de crônica histórica para os jovens que pouco sabem daquele tempo irresistivelmente louco e alucinante.
Nós fomos marcados por ele, por esse tempo. Do mesmo modo que Eric se apresenta como um sobrevivente, podemos apontar alguns que viveram ao nosso lado e que também conseguiram colocar a cabeça para fora dágua e voltar a respirar. Mas infelizmente essa não foi a sorte de todos. Penso que muitos de nossos heróis ainda estão mergulhados nesse mar tenebroso; Dickey Bets, ex- Allman Brothers, saiu da lendária banda praticamente expulso porque ficara insuportável, para os demais integrantes, inclusive Greg Allman, sua convivência com o vício. Imaginar que nesta altura do campeonato, com 40 anos de estrada, Bets ser afastado de ABB, por motivo de drogas, é algo desesperador.
Por isso é fundamental a leitura dessa autobiografia de Clapton. E o que é bem interessante: qualidade literária. Não é uma obra escrita com esse objetivo, não é um profissional que está por detrás da máquina (do teclado, rss), mas uma personalidade que se deixa revelar pelas palavras. E isso torna o livro envolvente, emocionante e especialmente humano, demasiado humano.
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