domingo, 31 de agosto de 2008

Greenslade "Spyglass Guest"

Disco muito cobiçado pelos amantes do progressivo, este trabalho do Greenslade é considerado um clássico. Sem dúvida é o melhor que lançaram, com sua fusão de estilos, arranjos e um guitarrista muito bom...
Após ter sido demitido do COLOSSEUM em 1971, o tecladista Dave Greenslade fundou sua própria banda - GREENSLADE - junto com Tony Reeves (baixo), Dave Lawson (teclados, clarinete, flauta) e Andrew McCulloch (bateria), que tinha sido do King Crimson. Em 1973, GREENSLADE fez seu debut com o álbum do mesmo nome, seguido por " Bedside Manner Are Extra " (1973), "Spyless Guest" (1974) e finalmente " Time and Tide" (1975).

Al Dimeola Project

Nesta fase dos anos 80, Al Dimeola se envereda pelas guitarras Sintetizadas e se apaixona pelo Synclavier. Suas experiências nesse rumo não foram nada brilhantes, embora seja demais chamar a referida fase de ruim. Talvez fosse o momento de dar um reclicada, e foi o que aconteceu: valorização de seu trabalho acústico e mergulho na tecnologia da época. O resultado: Cielo y terra, álbum em que explora bastante a influência flamenca combinada com os diversos timbres sintetizados, utilizando um que imita a voz humana, muito enjoativo. Ao contrário de Pat Metheny, que soube adaptar sua forma de compor e sua execução às tecnologias, Meola não consegue ir além do sofrível. Entretando, na peneirada, muitas coisas boas resistem e persistem. Afinal trata-se de Al Dimeola. Neste "Soaring throught a Dream", contou com o auxílio de Airto Moreira no vocal e na percussão; "Capoeira" é a cara de Airto, com suas letras improvisadas. Danny Gotlieb, na bateria, acaba sendo a ponte com o trabalho de Pat Metheny (tão bem realizado em "Offramp"), pois a "levada" do baterista guarda muito do clima extraordinário de Metheny.
Falando tudo isso, parece ser o disco ruim, mas não é. Pelo contrário. Porém não é um "Elegant Gipsy"... lembra lá longe...

Toninho Horta e Jack Lee




A parceria de Toninho Horta com o guitarrista coreano Jack Lee aparece aqui em trabalho de alto nível. Sensível, é interessante ouvir a guitarra de Lee e acreditar estar ouvindo o próprio Toninho, nos timbres, técnica e estilo. Mas o violão é inconfundível. Um belo trabalho de presente para o amigo Emerson, que está à busca desse mineiro. O encontro desse Toninho com Lee aconteceu assim : "Em 1995, fiz uma temporada em Seoul, na Coréia, ao lado do produtor e guitarrista Jack Lee. Resolvemos gravar toda a semana de shows, num clube chamado Camelot Club. Este trabalho, em que eu tocava o repertório dos discos Durango Kid, se transformou no disco “Serenade”, em que eu explorava muito os efeitos de voz, as vocalizes. Também foi muito bom contar com a participação de Jack Lee nas músicas Arirang, música tradicional coreana, e I Love You, uma música maravilhosa do Cole Porter". Depois de Serenade, certamente que haveria mais algo a fazer e o resultado é este belíssimo "De Belo from Seoul". Lindo demais.


Wayne Shorter "Native Dancer" 1975

Vejo que alguns jovens músicos estão muito enganados quando creêm que certas coisas envelhecem e não merecem sequer ser ouvidas. Burrice! Ignorância! Tudo junto. Não é o tempo que envelhece a música. Os ouvidos é que não têm a educação necessária para entender que a música independe da tecnologia, dos mais novos recursos de guitarra, teclados. Vale mesmo é a execução, o talento, e tudo contextualizado; como disse o poeta Augusto de Campos, no seu prefácio ao livro "Verso, reverso e controverso", há muito velho que é mais novo que o mais novo novo.
É o que acontece com o "Native Dancer", sem dúvida um dos mais ricos trabalhos do saxofonista Waine Shorter, e vale pela contribuição especialíssima de Milton Nascimento. Magnífico para nós, inclusive, pois é um passeio na nossa música, com empréstimos e préstimos de grandes nomes como Robertinho Silva, Luis Alves, Wagner Tiso; o disco é a estréia do Milton nos EUA, composições e participações dele são cruciais: Ponta de areia, Milagre dos Peixes, Lilia, caramba, em arranjos fantásticos e performances incríveis. o piano de Herbie Hancock arrebenta, além, é claro, so sax inconfundível de Shorter.
Não é um disco oportunista, mas um estudo brilhante sobre a obra de Milton.

Kazumi Watanabe, Eugene Pao e Jack Lee

Projeto de trio de guitarras asiático. O grande Kazumi Watanabe arrebentando, o Jack Lee (que ouvira em trabalho com a colaboração de Toninho Horta) com solos incríveis, bem ao estilo do nosso mineiro e mais Eugene Pao produzem um excelente prato feito de solos e harmonias. Influências (há inclusive uma levada flamenca que chega a confundir com o mestre Paco de Lucia) aqui transbordam, porém nada soa como pura imitação, ao contrário, é uma afirmação de que o Japão é atualmente um dos melhores celeiros de jazz e fusion. Um grande disco!

Pass: mistical12x

Gongzilla - East Village Sessions

Pouca informação sobre esse último (?) trabalho do Gongzilla, uma das últimas descendências do Gong. Se em trabalho anterior havia a presença de Allan Holdsworth, agora o é o David Fiuczynski (ex- Vital Information) quem dá as caras. O trabalho é simplesmente lindo, na riqueza de timbres, de arranjos e nos solos de guitarra, vibes; Gary Husband faz a diferença também... discaço!


Benoit Moerlen (vibes, marimba), Hansford Rowe (bass), Bon Lozaga (guitar), Phil Kester (perc) and Gary Husband (drums). David Fiuczynski (especial guest guitar)
E visitem o VIRTUOSOS GUITARRISTAS!

pass: mistical12x

Airto Moreira "Fingers", 1973

"Tombo em 7/4" mostra bem esse grande percussionista brasileiro. Airto é fenomenal, e tem uma história de fazer inveja, no bom sentido. Participou do grande Quarteto Novo, com Heraldo do Monte e o grande Hermeto Pascoal. Na velha "Disparada", do Vandré, é ele que executa aquela percussão com a carcaça de boi, nos idos dos 60, no Festical da Canção..
Esse álbum é muito importante como consolidação de uma carreira brilhante: Miles Davis, Weather Report, Chick Corea, em vários trabalhos contaram com o talento de Airto. Com Flora Purin, conseguiu alcançar os mais altons índices de credibilidade e notoriedade no difícil circuito de jazz norte americano e abriu caminho para muitos outros brasileiros.
Airto só volta ao país para passear ou a trabalho. E ele trabalha muito, é um recordista de gravações, talvez somente comparado a Paulinho da Costa, outro percussionista violento e brasileiro.
Em "Fingers" temos o prazer de ouvir a guitarra de David Amaro, em lindos solos. Mas o grosso é a percussão... discaço. O meu vibil ainda existe, e foi dado pelo Fernando Pão, o velho baterista de Niterói, do Cordas Vocais e Grupo Ensaio, banda da qual participei como fundador e músico lá pelos anos 80. Saudades.


Bass, Vocals - Ringo Thielmann
Drums, Vocals - Jorge Fattoruso
Engineer - Rudy Van Gelder
Guitar [electric], Acoustic Guitar, Guitar [12-string] - David Amaro
Keyboards, Harmonica, Vocals - Hugo Fattoruso
Percussion, Drums, Vocals - Airto Percussion,
Vocals - Flora Purim
Producer - Creed Taylor


1 Fingers (4:30)
2 Romance Of Death (5:35)
3 Merry-Go-Round (2:40)
4 Wind Chant (5:45)
5 Parana (6:00)
6 San Francisco River (6:20)
7 Tombo In 7/4 (6:20)

Toninho Horta "Terra dos Pássaros"

Trago de volta este Toninho Horta fundamental na coleção de qualquer um que aprecie a qualidade e o bom gosto. Toninho Horta dispensa qualquer comentário, mas tem uma turma mais nova de guitarristas que ainda não tiveram o prazer de ouvir o cara, sem dúvido um dos nossos mais sofisticados mestres das seis cordas.
Toninho não deixa nunca o seu lado mineiro de integrante do Clube da Esquina. Participou de gravações antológicas com Milton Nascimento, com destaque para aquele imperdível solo em "Trem Azul", no Clube da esquina I; Já em Minas" aparece o músico em sua plenitude, em gravações brilhantes como "Fé cega, faca amolada" e em composição ("Beijo Partido" é um clássico, e na gravação ele ataca de contabaixo acústico). Músico completo, arranjador, em "Terra dos Pássaros" traz coisas como "Céu de Brasília", linda, com uma guitarra emocional e cortante; "Diana", a delicadeza e a simplicidade ao extremo e muito mais. Nas gravações, amigos de longa data do tempo do "Som Imaginário" e também aqueles que na época se aventuraram na terra do Tio Sam, com enorme sucesso: Airto, Hugo Fattoruso, Raul de Souza (com um belo trombone em "Diana") e o próprio Milton. Disco antológico pelas composições e arranjos, mas acima de tudo por ser um trabalho de ourives, que busca a melhor forma da jóia.
Esta postagem é um presente para o Emerson, grande guitarrista de Manaus.
Toninho Horta: guitar, violao, bass, voice, organ, arrangements
Milton Nascimento: voice
Lena Horta: flute
Hugo Fattoruso: arp. odyssey, piano
Airto Moreira: drums, percussion
Raul de Souza: trombone
George Fattoruso: drums
Laudir de Oliveira: percussion
Novelli: bass
Robertinho Silva: drums
Mauro Senise: flute
Wagner Tiso: piano, organ
Jamil Joanes: bass
Ze Eduardo Nazario: percussion
Boca Livre: vocals
Luiz Alves: bass
Rubinho: drums
Nivaldo Ornellas: tenor, soprano sax
Georgiana de Moraes: caxixi
Ringo Thiellmann: bass
Tracklisting
01 - Céu de Brasília (Toninho Horta / Fernando Brant)
02 - Diana (Toninho Horta / Fernando Brant)
03 - Dona Olímpia (Toninho Horta / Ronaldo Bastos)
04 - Viver de Amor (Toninho Horta / Ronaldo Bastos)
05 - Pedra da Lua (Toninho Horta / Cacaso)
06 - Serenade (Toninho Horta / Ronaldo Bastos)
07 - Aquelas Coisas Todas (Sanguessuga) (Toninho Horta)
08 - Falso Inglês (Wonder Woman) (Toninho Horta / Fernando Brant)
09 - Terra dos Pássaros (Toninho Horta) Beijo Partido (Toninho Horta)
10 - No Carnaval (Jota / Caetano Veloso)

domingo, 17 de agosto de 2008

Estamos de Volta

A vida, em seu movimento contínuo, por vezes entra em processos de aniquilação... destruição de tudo ao redor para que, em seguida, tudo floresça novamente... Estivemos, e estamos ainda, passando por isso... mudanças, sem internet, solidão e vazio... portas arrombadas e silêncios terríveis... A música, esse tônico dionisíaco, tem me sustentado, além do trabalho, dos amigos e principalmente dos filhos... apoio para prosseguir na viagem e esperança: o amor não morre nunca.
A separação é sempre uma dor profunda... um respirar de novo, um sufocar intenso, tudo junto.. no peito certezas e dúvidas na floresta negra, um sol brilhando ao fundo e sonhos de novos mundos que se abrem. Sempre digo que é preciso ter coragem para fazer essa travessia, e creio que já estou me tornando um craque em desvios e encruzilhadas.
Mas as postagens continuarão... sem dúvida...
RENATO FRANÇA